A insuficiência cardíaca (IC) representa uma das principais causas de hospitalização em Portugal, especialmente numa população envelhecida e com múltiplas comorbilidades, tendo a Medicina Interna um papel primordial na abordagem destes doentes. Contudo, a abordagem tradicional tem demonstrado pouco impacto nos reinternamentos e custos evitáveis e na qualidade de vida. A aplicação de um modelo baseado no value based healthcare (VBHC) para IC poderá melhorar significativamente os resultados clínicos através da redução de readmissões, melhoria da qualidade de vida, otimização da utilização de recursos (evitandas admissões desnecessárias) e aumento da satisfação do doente. Este projeto pretende identificar, previamente à alta, os doentes com episódio de urgência ou internamento por IC aguda como diagnóstico principal que apresentem classificação de “alto” ou “muito alto risco” de acordo com a estratégia da “Estratificação da População pelo Risco”. A intervenção precoce e estruturada nestes doentes tem como objetivo final, para além da redução do número de agudizações, reinternamentos e mortalidade, uma melhoria na qualidade de vida do doente e família/cuidador com consequentes ganhos em saúde. Assim, após a identificação deste grupo de doentes, pretende-se criar um continuum de cuidados e uma transição para ambulatório de forma estruturada com reavaliação precoce após a alta, facilitando ao doente meios de comunicação simplificada e direta com a equipa hospitalar, sempre que sejam identificados sinais precoces de descompensação ou perante questões que surjam sobre a doença ou terapêutica. Para além de apostar na transição de cuidados e de uma abordagem de proximidade, este projeto engloba um acompanhamento centrado no doente, promovendo a educação e o autocuidado, permitindo a redução do número de deslocações à unidade hospitalar.